Sobre ser feliz – não se obrigue
Sobre ser feliz – não se obrigue
Quem é que nunca se sentiu quase um mutante por não estar mais pra cima do que fogos de artifício em noite de réveillon? Eu já. Se você não, tens sorte. Não é o fim do mundo, mas cansa bastante. É preciso ter energia para acordar da cama todas as manhãs e encarar o mundo. Nunca duvide disso.
Ser feliz é legal e pode ser real para você, e isso é algo muito particular, mas nem sempre dá para acontecer de forma linear, na entrada da primavera ou no ano novo, por exemplo. E isso parece ser impossível para algumas pessoas entenderem. Você precisa estar esfuziante e positivamente engajado em algo que vai despender de você uma energia enorme. Você quer chorar e gritar porque sua cabeça dói, mas ensaia um sorriso fingido de canto de boca.
O fato é que você fala, anda e tem suas faculdades mentais com funcionamento perfeito. Fica implícito que você já é abençoado e não tem o direito de ao menos fazer cara feia. Ninguém quer dizer o contrário sobre suas bênçãos, mas pera lá…
Não se obrigue. Aprenda a consumir e vivenciar seus sentimentos reais; sejam de alegria ou de dor, isso não é pecado, embora esteja fora da moda e não pegue bem nas redes sociais.
Seu emprego já era, seus esforços foram vistos com indiferença, o país em crise, você desistiu, foi ao fundo do poço e voltou, levou um fora, deu um fora, se decepcionou, foi traído (a), se sentiu humilhado (a), enfim, por um momento é seu direito de não estar assim tão bem. Olhar na internet vai te ajudar a entender que tem gente bem pior que você. Isso não vai ajudar. Vai por mim. #nãoestoudisposta
O que te ajuda e te faz viver é entender, digerir e pensar no que fazer agora. Pode ser que seja um aceno de cabeça dos novos tempos. Um sinal de que você precisa mudar radicalmente. E como estou aqui para defender você e o direito universal de não estar tão feliz – um aviso – vai doer, e muito. Lembre-se do que sua mãe ou avó te disseram, elas sabem das coisas, “o que dói cura e o que aperta segura”. É isso, nada de mertiolate que não arde.
Se a gente olhar o nosso mundo, a nossa realidade e para todas as coisas que acontecem, não dá mais para idealizar um conceito de felicidade. Pensar em nossa pequeneza diante de tanta destruição e do fim do mundo como o conhecemos com uma Amazônia, por exemplo, desanima para caramba. Por isso, temos que inventar todo dia no espelho. Se for quase uma ilusão temporária, por mim tudo bem.
Eu costumo viver cada dia e encarar minha capacidade de fazer algo que eu julgue legal para alguém e para mim mesma. Mas isso pode mudar, e depois mudar de novo. Consigo sorrir mais certos dias.
Pare se obrigar a ser feliz e sair pulando se tudo isso for forçado e fingido para você. A gente sente no estômago, no útero e no corpo todo, preste atenção. Poder exercer direito de não estar feliz de vez em quando. Isso sim é felicidade.
Evoque esse mantra: “Tudo bem se nesse momento eu não estou feliz, eu sou normal. Os que não saem desse torpor risonho é que estão loucos. Olhe ao seu redor. Ninguém pode nos defender de nós mesmos, a não ser nós mesmos”.
E…uma metade de 2015 melhor para todos nós.